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Localizada num planalto privilegiado sobre as colinas do Funchal, a Quinta Jardins do Lago, outrora conhecida como Quinta da Achada, é uma das mais emblemáticas propriedades históricas da Madeira.
Esta é a viagem de uma propriedade que acompanhou a construção de um arquipélago, testemunhou episódios marcantes da história global e floresceu como refúgio botânico ao longo dos séculos.
A Madeira tinha sido descoberta há pouco. A Achada — um planalto fértil sobre o Funchal — integrava os vastos domínios dos capitães donatários. Em 1502, após a morte de Zarco, fundador da cidade, as terras foram doadas a Vasco Anes, um lavrador vindo do Algarve. Ainda sem casa, mas já com nome. A Quinta da Achada nascia, feita de searas, vinhas e futuro.
Cem anos depois, ergue-se finalmente a casa. Pouco se sabe da construção original, apenas que os ingleses da ilha a chamavam “The Achada”, indicando o início da sua ligação ao comércio internacional de vinho. Um nome simples, mas dito com respeito.
Com o Act for the Encouragement of Trade, a Grã-Bretanha concede à Madeira exclusividade no comércio do vinho e estabelece-se o monopólio do vinho Madeira nas colónias americanas. Como muitas propriedades da época, a Quinta da Achada converteu-se numa vasta vinha.
Em paralelo, os proprietários começaram a desenhar jardins ornamentais como forma de demonstração de estatuto social.
Neste ano, a capela da Quinta recebe licença para missas. Os donos — o Capitão Valente e sua esposa — garantem o sustento da ermida. A fé mistura-se com o vinho: a propriedade é agora também vinha, e parte da rota que leva os melhores barris até às colónias britânicas.
Adquirida por Dr. Richard Hill, sócio da Lamar, Hill, Bisset & Co., a Quinta torna-se um centro vital do comércio vinícola com as colónias americanas. Os seus vinhos chegam até às mãos de George Washington e são possivelmente consumidos nas celebrações da independência americana em 1776.
O vinho Madeira torna-se o primeiro produto global.
William Penfold, sócio do Cônsul Henry Veitch, adquire a Quinta. Durante as invasões francesas e a ocupação britânica em 1807, o General Beresford vive temporariamente aqui.
Henry Veitch encontra-se com Napoleão Bonaparte a caminho do exílio, oferecendo-lhe um vinho Madeira da Quinta, que posteriormente retornou à ilha pelas mãos da família Blandy. O Imperador nunca abriu.
A Quinta torna-se famosa pela riqueza botânica sob influência dos Penfold. Jane Wallas Penfold, reconhecida botânica, desenvolve trabalhos importantes sobre a flora madeirense. A propriedade é descrita como o mais importante jardim botânico da ilha.
